Ao caminhar por São Paulo, é fácil perceber o porquê do apelido ‘selva de pedra’. É concreto, cimento, cinza por toda a parte. Agora uma ação do ambientalista Ricardo Cardim do blog Árvores de São Paulo quer trazer o verde para a maior cidade do país. E detalhe, a dezenas de metros do chão.
São os chamados telhados verdes, áreas de vegetação no topo dos prédios, uma solução criativa para enfrentar a falta de espaço e ainda, melhorar a qualidade de vida dos grandes centros urbanos.
No entanto, não basta apenas jogar terra em cima das coberturas e começar a plantar. Isso causaria diversos problemas. É preciso de algo mais elaborado. E foram os japoneses que criaram o substrato SkyGarden, uma terra que dispensa os derivados do petróleo, elimina a pegada ecológica e suporta diversos tipos de planta. Além de abrir um mar de novas possibilidades, o SkyGarden é fácil de instalar e substitui toneladas de terra comum por um fino tapete de espessura entre 4 e 20 centímetros para o plantio de grama até árvores de 4 metros de altura.
As vantagens desses telhados verdes são enormes. Necessitando pouca manutenção e com um peso mínimo, além de criar um novo espaço de convívio, a vegetação na cobertura dos prédios retém a água da chuva, diminui a poluição sonora e reduz a temperatura das lajes em até 18ºC.
A primeira iniciativa, que surge depois de 5 anos de pesquisas, está no prédio da Gazeta, na Avenida Paulista. Com uma terra de apenas 15cm de espessura, o grupo foi capaz de reproduzir a dinâmica de uma das florestas mais ricas e ao mesmo tempo, mais devastadas da história brasileira, a Mata Atlântica. O resultado é uma floresta densa de até 3,5 metros de altura no topo de um dos prédios mais conhecidos da cidade.
Com pouca manutenção, peso e consumo de água, e uma rica biodiversidade, esses telhados e paredes verdes são ferramentas sustentáveis para integrar de forma harmônica, o verde da natureza e o cinza da cidade, mostrando que a convivência é de fato, possível.